Os Sertões (A Luta)

Proposta cenográfica com abertura ao exterior do Teatro Oficina para encenar parte d'A Luta, em 2001. Projetores de vídeo iluminam com imagens o fundo e a lateral do edifício. Rampas escalonadas configuram uma topografia cênica elevada sobre Canudos (sugerindo o Alto do Mário, o Morro da Favela); a cidadela de Belo Monte então ocuparia o terreno do estacionamento atual; o público, durante a encenação, dirige-se para lá, "habitando" assim Canudos. Varas de luz instaladas acima. Proposta e desenho: © Silvio Luiz Cordeiro.

Proposta cenográfica idealizada, com abertura ao exterior do Teatro Oficina para encenar parte d’A Luta, em 2001. Projetores de vídeo iluminariam com imagens o fundo e a lateral do edifício. Rampas escalonadas configuravam uma topografia cênica elevada sobre Canudos (sugerindo o Alto do Mário, o Morro da Favela); a cidadela de Belo Monte então ocuparia o terreno lateral; o público, durante a encenação, dirigir-se-ia para lá, “habitando” assim Canudos. Varas de luz instaladas acima. Proposta e desenho: Silvio Luiz Cordeiro.

Canudos… Pobres de diversas origens são convocados pelo exército da recém República instaurada no Brasil: contra um suposto levante imperialista, o Belo Monte de Antonio Conselheiro é arrasado por tropas republicanas, num dos eventos mais sangrentos da história brasileira.

Proposta de cartaz para a montagem de Os Sertões. Desenho: Silvio Luiz Cordeiro.

Após derrotar sucessivamente as forças da nova ordem constituída, a comunidade cristã sublevada no sertão de Canudos, com seus temíveis jagunços, sofreu a chacina empreendida durante a quarta e derradeira campanha militar, em 1897: a força da razão positivista, civilizadora, venceria, por fim, a barbárie… Pobres fardados contra pobres sertanejos. O poder da ordem e progresso contra o poder da fé messiânica. Nos ermos áridos de um Brasil desconhecido, revela-se a brutalidade e violência da imposição de um novo símbolo, uma nova imagem de civilização.

Na história revisitada, o absurdo da guerra. No presente, a triste realidade da violência e a impunidade dos crimes da ditadura militar no Brasil.

Este videoclip é um breve excerto de um ensaio audiovisual maior (hoje desaparecido) que compus durante minha experiência artística no Teatro Oficina, entre 2000 e 2002, período inicial da adaptação para o teatro de Os Sertões (Euclides da Cunha), na montagem dirigida por José Celso Martinez Corrêa. Com fotografias de Augusto Flavio de Barros, realizadas no final da guerra contra Canudos, e outras imagens publicadas em jornais e revistas, que ilustram os tempos do regime militar e movimentos sociais no Brasil (como o MST, documentado por Sebastião Salgado), este ensaio compunha o ambiente cenográfico, com a mixagem de imagens ora projetadas sobre um grande tecido pendente, ora exibidas na série de monitores de vídeo então instalados no Teatro Oficina naquela época.

No vídeo a seguir, cenas de um ensaio aberto, na participação do Teat(r)o Oficina com Os Sertões no Festival Internacional de Teatro de São José do Rio Preto, em 2001.